Inovação em Vacinas Caninas: Chega ao Brasil a Recombitek® C8

Uma nova era na imunização de cães: tecnologia recombinante e formulação alinhada às diretrizes da WSAVA

O mercado veterinário brasileiro acaba de receber uma inovação significativa em imunização canina. Em 2025, a Boehringer Ingelheim lançou no Brasil a Recombitek® C8, uma vacina que reúne alta tecnologia, cobertura ampliada contra agentes patogênicos de importância clínica e epidemiológica e está em sintonia com as recomendações internacionais da WSAVA (World Small Animal Veterinary Association). Mas o que faz essa vacina ser tão inovadora? Vamos entender.

Composição: o que há de novo?

A Recombitek® C8 combina tecnologia recombinante com cepas vivas atenuadas e antígenos bacterianos em uma única formulação:

Fração liofilizada recombinante: vetor da bouba de canário contendo genes que codificam as glicoproteínas HA e F do vírus da Cinomose Canina (cepa Onderstepoort).

Vírus vivos atenuados:

• Adenovírus canino tipo 2 (CAV-2)
• Parvovírus canino (CPV)
• Parainfluenza (PI)

Fração líquida: bacterina com quatro cepas de Leptospira:

• L. canicola
• L. grippotyphosa
• L. icterohaemorrhagiae
• L. pomona

O que a torna inovadora?

Além da tecnologia recombinante, que estimula resposta imune robusta com excelente perfil de segurança, a ausência da vacinação contra coronavírus entérico canino (CCoV) marca um alinhamento com a ciência mais atual:

• Segundo a WSAVA, vacinas contra CCoV não têm comprovação de eficácia clínica.
• A infecção por CCoV é geralmente leve e autolimitada, ocorrendo por via oral antes da idade de vacinação.
• A imunização parenteral contra CCoV não induz resposta protetora intestinal efetiva (ausência de IgA intestinal significativa).

Esquema de vacinação recomendado

📌 Idade mínima para aplicação: 9 semanas de vida

📌 Recomendações WSAVA para vacinas essenciais vivas atenuadas (CDV, CPV, CAV-2):

• Iniciar protocolo com 6–8 semanas
• Repetições a cada 3–4 semanas até 16–20 semanas de vida
• Última dose com 26 semanas de idade
• Repetição trienal após protocolo primário

📌 Vacinas contra Leptospira, por serem bacterinas inativadas:

• Necessitam reforço anual
• Considerada vacina essencial no Brasil devido à alta prevalência da doença

Afinal, por que ainda aplicamos múltiplas doses?

🧬 A resposta está nos anticorpos maternos

• Cães jovens podem possuir anticorpos que inativam a vacina antes que ela estimule a produção de memória imunológica.
• O protocolo múltiplo garante que, em algum momento, a vacina vença a interferência materna e promova resposta imune efetiva.

🔬 Esclarecendo o conceito de “reforço”

• O termo é incorretamente utilizado. Após a indução da memória imunológica, exposições adicionais ao antígeno vacinal não aumentam a resposta imune de forma significativa.
• No caso das vacinas inativadas, como leptospira, a resposta depende de doses sequenciais para alcançar proteção.

Comparativo entre vacinas atenuadas e inativadas

Tipo de Vacina	Mecanismo de Ação	Exemplo	Reforço Necessário?
Atenuada (viva)	Imita infecção natural, gera memória duradoura	CDV, CPV, CAV-2	Não após protocolo primário. Sugere-se titulação
Inativada (morta)	Estimula imunidade humoral sem infectar células	Leptospira, Raiva	Sim (geralmente anual)