Pet Food, Rotulagem e Responsabilidade Técnica: Exigências regulatórias


O mercado pet brasileiro movimenta bilhões anualmente, e o médico veterinário é peça fundamental para garantir a segurança de produtos pet, entender os aspectos regulatórios vai muito além de saber ler um rótulo. Envolve compreender as responsabilidades legais, as normas sanitárias e os processos de fiscalização que impactam desde a fabricação até a comercialização de produtos.

Com a publicação do Decreto nº 12.031/2024 (dispõe sobre a inspeção e a fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal), o cenário regulatório brasileiro deu um passo importante rumo à modernização, incorporando exigências como programas de autocontrole, rastreabilidade, critérios específicos para alimentos naturais e rotulagem padronizada. Mas como essas normas se comparam com padrões internacionais, como os da EFSA e do FDA? Quais são as responsabilidades legais de quem fabrica, terceiriza ou comercializa produtos pet?

Neste conteúdo, respondemos às principais dúvidas dos médicos-veterinários sobre regulamentação de alimentos, suplementos e produtos veterinários no Brasil, além de trazer um panorama das diferenças em relação a normas internacionais.

1. Órgãos Reguladores do Mercado Pet no Brasil

No Brasil, os principais responsáveis pela regulação são:

  • MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) – regula produtos de uso veterinário e alimentação animal.
  • ANVISA – pode intervir em casos de produtos com risco à saúde pública.
  • CRMV e CFMV – normatizam a atuação do médico-veterinário e a responsabilidade técnica.
  • INMETRO e IPEN – atuam na fiscalização de equipamentos, medidas e materiais usados.

2. Produtos que precisam de registro, cadastro ou estão isentos

Produtos que precisam de registro no MAPA:

  • Medicamentos veterinários
  • Vacinas e biológicos
  • Alimentos coadjuvantes (com alegação terapêutica)

Produtos que precisam de cadastro:

  • Suplementos nutricionais
  • Produtos de higiene e embelezamento sem ação terapêutica

Produtos isentos de registro ou cadastro:

  • Produtos como coleiras, brinquedos, areia higiênica, ou artigos de contenção
  • Produtos manipulados sob prescrição individual (em estabelecimentos autorizados)

A classificação correta impacta diretamente no tipo de fiscalização, rotulagem e responsabilidade do RT.

3. Decreto 12.031/2024: Principais Mudanças na Regulamentação

Esse novo decreto revogou o antigo Decreto nº 6.296/2007 e trouxe mudanças relevantes, como:

✅ Obrigatoriedade de programas de autocontrole, incluindo rastreabilidade e recall
✅ Novas regras para rotulagem e alegações nutricionais
✅ Definições atualizadas para produtos como alimentação natural e coadjuvante
✅ Flexibilização para pequenos produtores, desde que sigam Boas Práticas de Fabricação (BPF)

4. Responsabilidade Técnica Veterinária: Obrigações e Riscos

O Que Faz um RT Veterinário?

O RT (Responsável Técnico) responde ética, técnica e legalmente pelas atividades do estabelecimento. Suas atribuições incluem:

✅ Garantir que os produtos comercializados estejam devidamente registrados ou classificados
✅ Supervisionar a armazenagem e controle de validade
✅ Notificar suspeitas de reações adversas ou desvios de qualidade
✅ Elaborar e manter atualizado o Manual de Boas Práticas
✅ Atuar em conformidade com as legislações vigentes, como a IN 13/2003 (produtos veterinários) e IN 04/2007 (alimentos)

A responsabilidade é solidária ao CNPJ da empresa e independe da carga horária acordada. Infrações podem resultar em multas e até cassação do registro profissional.

5. Produtos Orgânicos para Pets: Regulamentação

Produtos orgânicos:

  • Devem seguir a Lei nº 10.831/2003 e a IN nº 16/2004.
  • Exige-se rastreabilidade desde a origem dos ingredientes, inspeção sanitária e presença do selo de certificação orgânica.

6. Rotulagem de Pet Food: Exigências Obrigatórias

Rótulos devem conter:

  • Nome do produto e categoria (completo, específico, coadjuvante etc.)
  • Composição básica e níveis de garantia
  • Indicação de uso, espécie e categoria
  • Responsável técnico e CNPJ do fabricante/importador
  • Frases obrigatórias como “Uso Veterinário” ou “Produto isento de registro”, quando aplicável
  • Para alimentos coadjuvantes: "Este produto deve ser usado como auxiliar, portanto não substitui o tratamento convencional"

7. Brasil vs Mundo: Comparação com EFSA e FDA


Importância disso para médico-veterinário

Como médico-veterinário, seja atuando em clínicas, pet shops, indústrias ou consultorias, você é parte central do processo regulatório. Conhecer a legislação garante:

✅ Atuação ética e segura
✅ Valorização profissional
✅ Proteção jurídica
✅ Qualidade e confiança no mercado

Fique atento às atualizações normativas, mantenha seus registros em dia e contribua ativamente para a segurança dos animais e dos tutores que confiam em seus produtos e serviços.

Texto por: Simone Freitas 
Responsável técnica: Dra. Simone Freitas CRMV-BA 1771






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