O futuro da Medicina Veterinária está nas mãos do MEC?

A Medicina Veterinária poderá ser, em breve, um dos cursos que formam profissionais  através do ensino a distância?

Essa é a posição do Ministério da Educação (MEC). Equivocada ou não, essa diretriz desperta uma grande preocupação com a formação dos futuros profissionais.

O médico veterinário é peça fundamental na promoção da Saúde Única — conceito que integra saúde animal, saúde humana e preservação ambiental. Esse profissional domina conhecimentos relacionados à saúde de todas as espécies animais, não apenas para promover bem-estar, mas, principalmente, para garantir a produção de alimentos de origem animal com qualidade e segurança para toda a população.

São também esses profissionais que atuam na gestão da saúde pública, colaborando com outros profissionais da área, coletando dados, elaborando boletins, protocolos e estratégias em prol da saúde humana.

Além disso, cabe ao médico veterinário atuar de maneira incisiva na preservação do meio ambiente, respeitando e promovendo as leis da natureza.

Como médica veterinária e docente, sinto-me responsável por formar profissionais de excelência. Afinal, serão eles os guardiões do nosso bem-estar global.

Hoje, não é apenas uma tendência: muitos tutores consideram seus pets como membros da família. Essa transformação social, explorada pela economia e, sobretudo, vivida de maneira emocional e afetiva, reflete a escolha crescente por constituir famílias multiespécies.

Mas fica a pergunta: desejamos, dentro desse novo conceito de família, profissionais que não tenham vivenciado a experiência prática necessária para prevenir e diagnosticar doenças em nossos familiares?

Em meio a uma crise ambiental sem precedentes, não podemos ignorar que tamanho descaso com a educação coloca nosso futuro em risco. Todos nós vivenciamos a pandemia e vimos, na linha de frente, profissionais da saúde — incluindo os médicos veterinários — que, lamentavelmente, ainda são classificados de maneira obsoleta apenas como profissionais das ciências agrárias.

Mais do que um convite à reflexão, é um chamado à ação: precisamos nos unir para colocar no mercado profissionais que aprendem fazendo. A adoção de uma prova de habilitação para a obtenção do diploma seria uma medida sensata e plausível.

Mitigar o risco de termos profissionais despreparados é um compromisso ético e social.

Autora: Simone Freitas

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato