Primeiro foco em granja comercial exige resposta imediata e reforça a importância da vigilância contínua no país
A confirmação do primeiro foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Brasil, ocorrida em 16 de maio de 2025, marca um ponto crítico para a vigilância sanitária animal no país. O caso foi identificado em uma propriedade avícola no município de Montenegro, Rio Grande do Sul, envolvendo um plantel de aproximadamente 17 mil aves matrizes. A notificação imediata e a subsequente interdição da granja permitiram a rápida implementação de medidas de contenção, incluindo o abate sanitário das aves remanescentes e a delimitação de uma zona de quarentena em um raio de 10 km ao redor do foco.
No dia 03 de junho de 2025, o Brasil não apresentava mais casos suspeitos de gripe aviária em granjas comerciais. As investigações continuam para suspeitas em aves domésticas e silvestres e as estratégias de vigilância sanitária na região de Montenegro permanecem com as devidas adequações.
Impactos na Saúde Animal e na Economia
A IAAP, causada predominantemente pelo subtipo H5N1, é altamente letal para aves domésticas e silvestres, com taxas de mortalidade que podem atingir 100% em curto período. A rápida disseminação do vírus compromete a produção avícola e representa uma ameaça significativa à segurança alimentar e à economia nacional. Como maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil enfrenta riscos substanciais de restrições comerciais impostas por países importadores, o que já se concretizou com a suspensão temporária das exportações para pelo menos 17 países.
Riscos à Saúde Humana
Embora a transmissão da IAAP para humanos seja rara, casos esporádicos têm sido documentados globalmente, geralmente associados a contato direto com aves infectadas ou ambientes contaminados. No caso específico de Montenegro, um trabalhador da granja apresentou sintomas gripais e foi isolado preventivamente; entretanto, testes laboratoriais realizados pela Fiocruz confirmaram resultado negativo para o vírus H5N1 Até o momento, não há evidências de transmissão sustentada entre humanos no Brasil.
Medidas de Vigilância e Controle
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e os serviços veterinários estaduais intensificaram as ações de vigilância epidemiológica, incluindo:
- Monitoramento de aves silvestres e domésticas em áreas de risco;
- Implementação de barreiras sanitárias e controle de trânsito de aves e produtos avícolas;
- Capacitação contínua de profissionais em biossegurança e diagnóstico laboratorial
- Notificação imediata de casos suspeitos e confirmação laboratorial em laboratórios de referência.
Além disso, o país mantém estoques estratégicos de antivirais e possui capacidade instalada para produção de vacinas, caso seja necessário.
A atuação conjunta das autoridades sanitárias, do setor produtivo e da comunidade científica promove não apenas o conceito de Saúde Única (Uma Só Saúde), mas também fortalece a confiança nos produtos avícolas brasileiros.
Responsável técnica Dra. Simone Freitas CRMV-BA 1771